Federação das Associações de Pais e Encarregados de Educação do Concelho de Odivelas

Espaço para reflexão...

na forma de Educar, de formar futuros Cidadãos, de Prevenir Comportamentos e de Ajudar os Pais na fase de crescimento dos Jovens e Adolescentes do nosso Concelho.



segunda-feira, 7 de junho de 2010

Mensagem - 3º Encontro

Há fenómenos relacionados com a longa história na vida das sociedades, agora acordados e tornados visíveis por uma nova ética de responsabilização e protecção, que passa pela necessária participação dos pais nas actividades da Escola e nos demais actos de Segurança a ela e a eles afecto. Na forma Associativa e na de representatividade nos Conselhos escolares, Pedagógico e Conselho Geral, Conselho de Turma e Conselho Municipal de Educação, entre outros, damos voz aos gritos silenciosos dos nossos filhos que precisam de ajuda. A Educação está doente! A Sociedade tem novos desafios que carecem de altruismo e atitude, de mudança face à escola, face à educação, face à comunidade.Mas, apesar de tudo a tentada adaptação às novas metodologias tem sido uma conquista na abertura e reconhecimento da posição dos pais mas, ainda assim, muito aquém do que é possivel fazer. Desta forma, é necessário que TODOS abdiquem um pouquinho do seu bem estar pessoal, que se juntem nas nossas escolas para, naquelas que ainda não têm qualquer tipo de representatividade parental, criarem tudo o que possa dar contributo, para o melhor funcionamento do Estabelecimento de Ensino, à protecção dos nossos filhos, e à pro-actividade de todos os que o frequentam, sejam eles docentes, não docentes, educandos ou educadores. Nesta fase, ainda embrionária para muitos, mas de acentuada violência, o esclarecimento é o melhor caminho para todos os que quiserem participar civicamente num acto, que não sendo só de Cidadania, também é de coragem! É obrigatório a aplicação e exigência do cumprimento de regras e deveres. Este reconhecimento da necessidade de agir é bem visível. Precisa de ser resolvido e encarado numa perspectiva relacional, sistémica, cultural, social e histórica. A Escola é um dos palcos centrais de Educação e da Segurança e, os seus efeitos alargados à família e à comunidade cultural. No entanto, dado ao grave panorama social que atravessamos, assistimos a uma decadência repentina dos deveres e direitos de cada cidadão. Perante este fenómeno a Sociedade paga cara a factura, desvaloriza a falta de regras, aumenta o preconceito, o desrespeito e a insegurança. Isto tudo cria um maior impacto nas famílias. Contudo, a análise destes comportamentos verifica que os pais não se devem alienar dos filhos ou entregá-los à escola como se, passasse a ser esta, a total responsável pela sua educação. Estamos presentes a duas formas distintas de educação. Uma, a que se ministra nas escolas (ensinar versus aprender) e, a outra, a que se transmite em casa, (valores, conceitos, deveres, obrigações; em suma, ser pessoa). Contudo, a nossa participão e supervisão a nivel escolar é necessária e, não pode, ficar apenas pelos primeiros anos de vida das nossas crianças! Das acções e às acções de promoção do melhor das pessoas, proliferam no 1º Ciclo do Ensino Básico, agora também estendido ao pré-escolar, Associações de Pais quase abrangendo todo o parque escolar. No 2º Ciclo do Ensino Básico esse número é bem menor sendo-o ainda assim em grande escala. Agora, o mesmo não se passa para o 3º Ciclo, onde o que se faz na escola parece já não ser importante... em que os nossos filhos demonstram não querer ser acompanhados, em que tudo acontece, do pior ao melhor, do fraco ao forte, do pobre ao rico, da raça à multicultura, da segurança à insegurança e, que, face a isto, uma grande maioria de nós pais encontram o conforto do discurso e da partilha de ensinamentos no sofá. É necessário que façamos o contrário. É URGENTE que nos interessemos! Aproveitemos o que de tão importante temos à mão, a partilha de experiências e a possibilidade de discutir os Planos Educativos, os Currículos Escolares para as crianças e adoslescentes do nosso Concelho e a responsabilização civica que a eles deve ser exigida. Todas estas ideias levam a que se consiga solidificar mais o Movimento associativo de pais, para que cada vez mais saia fortalecido e capaz de exigir, perspectivando conceitos e atitudes. Sem nada, corremos o risco de estarmos a pactuar com a formação de possiveis deliquentes e a deliberar sobre a exposição da indiferença. Citando um texto de um Blog (terrearblogspot.com), em geito de reflexão, diz: «... / … (MSG) Sem o saber, a familia e a sociedade vão formando delinquentes. A solidão e a correria, o predomínio do ter sobre o ser, a crença de que o mundo é um brinquedo, a difusão de referências éticas, o consumismo febril, o império das marcas… são alguns dos sinais do nosso tempo. E a escola é que paga. É ela que tem de salvar as famílias, regenerar a sociedade, tornar possível o laço social. Tem quase como missão impossível a de inverter o processo de destruição psicológica dos professores, dos alunos e dos pais. Por isso é preciso acabar com o mito de uma escola ao serviço da sociedade e mobilizar a sociedade para estar ao serviço da escola. Eis as práticas eficazes de uma formação para a delinquência:
1) Comece desde a infância a dar ao seu filho tudo o que ele pede. Assim este crescerá convencido de que o mundo inteiro lhe pertence. E que a missão dos pais é satisfazer-lhe os desejos de consumo.
2) Não lhe dê qualquer educação moral. Espere que seja de maior idade para que possa decidir livremente.
3) Quando disser palavrões, ache graça, ria-se. Isto anima-lo-á a fazer coisas ainda mais graciosas.
4) Não o confronte, não lhe diga que errou, que está mal algo que faz, pois poderia criar-lhe um complexo de culpa.
5) Apanhe tudo o que ele tiver espalhado: livros, sapatos, roupa, jogos... Assim, ele habituar-se-á a deixar os outros assumir as suas responsabilidades.
6) Deixe-o ler tudo o que lhe caia nas mãos e ver todos os programas que lhe apetecer. Tome cuidado para que os seus pratos, copos e talheres estejam bem esterilizados, mas deixe que a sua mente se encha de imundície, para que ele aprenda a considerar valioso aquilo que é lixo.
7) Discuta e brigue com o seu cônjuge na sua presença. Deste modo ele não se surpreenderá nem sofrerá demasiado quando a família se separar.
8) Dê-lhe todo o dinheiro que ele quiser gastar para que ele não suspeite que para dispor de dinheiro é preciso esforçar-se e trabalhar.
9) Satisfaça todos os seus desejos, apetites, comodidades e prazeres. O sacrifício e a austeridade poderiam frustrá-lo.
10) Ponha-se do seu lado em qualquer conflito que ele mantenha com os professores, vizinhos e amigos. Acredite que todos eles têm preconceitos contra o seu filho e, na verdade, só o querem prejudicar.»
Perante tudo isto, há que nos vergarmos e olharmos para dentro de cada um de nós e perguntar quem não faz o que atrás foi dito... Há alturas que quebramos, pelo embaraço, pela constante invasão de informação, pela falta de tempo que não temos para acompanhar os nossos filhos e, mais ainda, pelo remorso dessas mesmas faltas. Sem dúvida que estamos perante uma pescadinha de rabo na boca ou mais, uma bola de neve que nem o calor demasiado a consegue derreter. Nesta jornada que é a vida, não somos abençoados por ser pais. Ser pai não é uma benção, ser pai é uma dádiva e, perdoem-me alguns, mas nem todos conseguimos vê-lo como tal. A nós cabe fazer a diferença. A nós cabe fugir dos persuasores. A nós cabe não inventar argumentos que não são solução mas criar estratégias e obrigar quem de direito a cumprir. Não há como afastar os nossos filhos destas coisas mas, podemos começar a responsabilizá-los mais cedo por tudo o que os cerca e, acreditem que vão continuar a ter tempo para crescer em sociedade com valores morais e éticos. De facto, perante isto tudo, perante mais um fenómeno grave, o da insegurança escolar, em que, diariamente conhecemos mais um caso e, nada fazemos, pode-se equacionar se não devia haver escolas para ensinar a ser pais. Mas, será que isso seria uma mais valia para todos? Se calhar corríamos o risco de ninguém querer se esforçar por mérito próprio e aprender com os seus próprios erros, transmitir valores, etc, etc, etc. Provavelmente, chegariamos a uma altura em que nos desresponsabilizariamos de tudo (à semelhança do que já se passa hoje), e remeteriamos para a Escola (o que já muitos o fazem) a responsabilidade de não saber ser pais nem Educadores. E é, a palavra correcta, forte ou fraca, EDUCADORES mas com parâmetros e valências diferentes. Hoje em maioria, os pais são pessoas mais experientes e mais cultas academicamente, tem conhecimento e vivências diferentes, menos tabús e preconceitos mas tem ao seu lado as diferenças sociais e raciais que, não tão comuns no seu dia-a-dia, lhes entram casa dentro das mais variadas maneiras. A principal corrente são os filhos que como jovens de fácil adaptação lidam com estas diferenças da melhor forma que conhecem e, é aqui, que nós devemos entrar. Reconhecer comportamentos e esclarecer dúvidas são importantes mas, evitá-los provoca falta de discernimento para a vida comum. Devemos ocuparmo-nos com eles enquanto indíviduos fortalecendo alicerces de partilha, amor, respeito, honestidade, sinceridade e orientação. E não manter acesa a correria aos objectivos profissionais que nos são traçados, provocando com o necessário sucesso profissional subjacente, o laxismo no demais elementar projecto de vida: A Família. Não alienar a conversa de sofá, o jogo de chão, a supervisão dos TPC, a visita ao Museu, a ida à praia, o … e o... a troco do refugio do quarto, do PC, da Net, do mundo virtual. A presença em espaço físico comummente partilhado sem diálogo e partilha é solidão, é isolamento, é narcisismo, é desinteresse é tudo o que não gostaríamos que fosse! Esquecemo-nos que há coisas que não estão nos livros mas sim no nosso interior e naquilo que de melhor nos transmitiram os nossos pais e os nossos Educadores. Enquanto não se combater as desigualdades morais e sociais criadas pelas gerações destes ultimos anos, vamos continuar a ter, cada vez mais, regras de não protecção aos mais pequenos e, enevitavelmente piores pessoas, pior escola, pior sociedade! Muita (in)Segurança! Labuto nestes princípios todos os dias. Sou mãe, profissional e defensora do Movimento Associativo Parental, e digo-vos que não é fácil ser cada uma destas pessoas. A sociedade está tão isenta de conceitos que tudo o que nos cerca está vazio. Se antes existiam obstáculos para se transpôr, hoje os obstáculos mesmo transpostos são tão demagogos que quase se troca o certo pelo incerto. Parafraseando um Autor desconhecido: "Alimentado da terra e do ar; horizontalidade e verticalidade; procura de saídas para as muitas asfixias sociais; esperança, apesar de tudo; compaixão; razão e emoção." São sem duvida os valores de se ser Ser, o que devemos perpetuar. São princípios. São Segurança.
Ilda Guerreiro
Odivelas, 29 de Maio de 2010 – 3º Encontro Concelhio

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